O Peru não romperá com o México ou a Colômbia, apesar de sua interferência na crise política

A presidente do Peru, Dina Boluarte, negou nesta quinta-feira que pretenda romper relações diplomáticas com os governos da Colômbia e do México, que junto com os da Argentina e da Bolívia não reconhecem oficialmente o sucessor do ex-presidente Castillo.

Em reunião com a Associação de Imprensa Estrangeira do Peru, realizada no Palácio do Governo, Boluarte afirmou que "o Peru respeita o que acontece em cada país", enquanto o que aconteceu com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, quando era prefeito de Bogotá e foi restaurado por decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos em 2020, “não é um caso semelhante ao que aconteceu no Peru com o ex-presidente Pedro Castillo. No Peru houve uma quebra da ordem constitucional quando houve um golpe”.

Ontem, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, escreveu em sua conta no Twitter que o artigo 23 da convenção americana estabelece como direito político eleger e ser eleito. “Para retirar esse direito, é necessária uma sentença de um juiz criminal. Temos um presidente (Pedro Castillo) na América do Sul eleito popularmente sem poder exercer e detido sem sentença de um juiz criminal", disse o presidente colombiano, que acrescentou: "É manifesta a violação da convenção americana de direitos humanos no Peru. Não posso pedir ao governo venezuelano que reingresse no sistema interamericano de direitos humanos e ao mesmo tempo aplaudir o fato de que esse sistema está sendo violado no Peru”.

O artigo 23 da convenção americana estabelece como direito político eleger e ser eleito. Para retirar esse direito, é necessária uma sentença de um juiz criminal

Temos um presidente na América do Sul eleito popularmente sem poder exercer o cargo e detido sem sentença criminal https://t.co/BCCPYFJNys

— Gustavo Petro (@petrogustavo) 28 de dezembro de 2022

Sobre o desconhecimento oficial do governo mexicano para com seu governo, na opinião de Boluarte "não é esse o sentimento do povo mexicano em relação ao Peru".

Apesar dos constantes questionamentos do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, à mudança de governo e à nomeação do novo presidente, ele insistiu que “continuamos mantendo relações diplomáticas com o México. De fato, solicitamos a expulsão do embaixador mexicano no Peru após as declarações em seu programa do presidente do México”.

O chefe de Estado enfatizou que estão trabalhando "fortemente para restaurar" os embaixadores do Peru no México, Colômbia, Bolívia e Argentina para que possam "retornar às suas respectivas embaixadas, porque é muito importante para a região continuar trabalhando no Alianza del Peaceful".

No jogo regional da esquerda latino-americana em apoio a Pedro Castillo, até agora se destacaram o presidente do Chile, Gabriel Boric, e o presidente eleito do Brasil, Luis Inazio Lula da Silva.

Nem golpe nem renúncia

Sobre o reinício dos protestos no sul do país ocorridos no dia 4 de janeiro, o presidente disse que não sabe a verdade sobre isso e que quem espalha as mentiras são “os que lideram as mobilizações carregadas de violência”.

Sobre essas mentiras, a mais frequente é que ela liderou um golpe contra Castillo: “Dina não piscou para que acontecesse o que aconteceu com o ex-presidente Pedro Castillo… visão diferente de como lidar com a crise”.

Por fim, Boluarte anunciou que será realizado um plano de reativação econômica de 300 milhões de dólares no país e destacou que não renunciará ao cargo de presidente: “O que minha renúncia resolveria? A desordem política voltará, o Congresso terá que realizar uma eleição em meses. É por isso que assumo esta tarefa. No próximo dia 10 de janeiro vamos pedir ao Congresso o voto de posse", acertou Boluarte,