Vox pede ao governo que proíba Bildu por incluir membros do ETA em suas listas eleitorais

As listas de Bildu para as próximas eleições de 28 milhões continuam a ganhar impulso e a ocupar o centro do espectro político nacional, totalmente imerso na campanha. A inclusão dos condenados por terrorismo entre os candidatos do partido basco provocou indignação nas associações de vítimas e em alguns dos partidos, entre eles o Vox, que esta sexta-feira registou no Congresso uma proposta de resolução para solicitar ao Governo que proíba Bildu com base em a lei do Partido.

De acordo com os artigos 9.º e 11.º da referida lei, qualquer partido “será declarado ilegal quando a sua actividade violar os princípios democráticos, especialmente quando procurar deteriorar ou destruir o regime de liberdades”. A lei explica que “incluir regularmente nos dirigentes ou nas suas listas eleitorais pessoas condenadas por crimes de terrorismo ou que não rejeitaram a violência” é outra razão para apelar à sua ilegalização.

Apoiado em ambos os artigos, o Vox apresentou hoje perante o Conselho do Congresso uma proposta de resolução para forçar uma votação que “expulse o braço político da ETA das instituições”. Um desejo antigo de Abascal, que costuma repetir nos seus comícios com alguma frequência.

Na carta, Vox recorda que em 2002 tanto o PP como o PSOE concordaram em proibir Herri Batasuna por razões que, segundo eles, lembram muito as dos que actualmente concorrem nestas eleições. Vuelven mostrou que Arnaldo Otegi continua a liderar o EH-Bildu (é o coordenador geral) e que o partido nunca condenou a violência da ETA.

A tudo isto soma-se a inclusão nas listas do País Basco e de Navarra de até 37 condenados por pertencerem a um bando armado e mais sete por crimes de sangue. Factos que, segundo Vox, podem constituir uma violação da lei do Partido. “Por todas estas razões, exigimos que, como aconteceu em 2002, o Congresso inste a ilegalização de Bildu porque é um dever moral e um compromisso com a defesa dos milhares de vítimas da ETA, que EH-Bildu desprezava. Não fazê-lo seria uma afronta imperdoável, não só às vítimas diretas, assassinadas ou familiares, mas a todos os espanhóis, vítimas indiretas da trajetória criminosa da ETA”, diz o comunicado.

Iván Espinosa de los Monteros, porta-voz parlamentar, referiu-se em Cáceres à iniciativa apresentada pelo Vox. “O moral do país está muito afectado nestes dias porque o braço político do grupo terrorista ETA apresenta alguns membros da ETA, terroristas condenados por crimes de sangue”, notou.

Ministério Público abre due diligence

Por sua vez, a Procuradoria do Tribunal Nacional vai investigar se os 44 membros da ETA incluídos nas listas cumprem os requisitos para concorrer a cargos públicos, como apurou a ABC. O Ministério Público abriu processo na sequência da denúncia apresentada ontem quinta-feira pela associação Dignidade e Justiça, presidida por Daniel Portero, filho de Luis Portero, procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça da Andaluzia assassinado pela ETA em 2000.