O dano colateral da Liga dos Reis de Piqué aos modestos times da Catalunha

Sérgio fonte

19/01/2023

Atualizado em 20/01/2023 às 19:35

É a competição do momento. Todo mundo está falando sobre a Kings League, a liga de streamers, criada por Piqué e sua empresa Kosmos e que uma nova forma de ver o futebol tem significado, como entretenimento com figuras da mídia como Ibai, Agüero ou Casillas, com notícias, com ex-jogadores profissionais e muito mais curiosidades. As suas audiências são espetaculares e os patrocinadores fazem fila para poderem associar o seu nome à competição. Porém, por trás de tanto glamour e sucesso também existem vítimas que foram prejudicadas pela ascensão do torneio. O principal motivo é o empenho da Liga dos Reis em escolher o ZAL, centro esportivo localizado na zona portuária de Barcelona e administrado por um órgão público, o Porto de Barcelona.

Até agora tudo parece normal. O problema surge quando as equipes que utilizaram as instalações são privadas de fazê-lo após o acordo de Piqué com o Porto de Barcelona. Terra Negra e Inter Hospitalet, duas modestas equipas da Terceira Divisão Catalã, são as duas equipas de futsal que praticaram na ZAL. Assim como as seções de futsal e basquete do Espanyol. O calendário anual foi acordado e não houve problemas para eles no caso de ter que mudar alguma data. No entanto, no início de dezembro tudo mudou quando foi comunicado que teria de deixar de utilizar as instalações devido a algumas obras que iam ser realizadas. Estes não eram outros senão aqueles projetados pela Kings League para poder desenvolver seu torneio. O pavilhão mudou de número e agora se chama Cupra Arena.

Essa situação fez com que as equipes afetadas tivessem que encontrar um local para treinar de um dia para o outro. Terra Negra, por exemplo, conseguiu alojamento numa escola, onde o pátio não tem telhado e quando chove não se pode brincar. Além disso, tem apenas um guarda-roupa e não está devidamente equipado. Piqué e Kosmos mostraram-se sensíveis ao problema e a empresa do ex-jogador do Barcelona intermediou-se junto destas entidades para oferecer alternativas e pagar-lhes o custo do treino noutro pavilhão. O grande problema é que neste momento da temporada não há instalações gratuitas e eles só podem se exercitar em horários estranhos ou em espaços muito pequenos que ninguém usa. Do Terra Negra lamentou que a Liga dos Reis não o tivesse avisado muito antes, que poderia ter buscado soluções permitidas.

A outra equipe envolvida, a Inter Hospitalet, teve que se mudar para Gavá, cidade a cerca de 30 quilômetros de Barcelona. As seções do Espanyol estão enfrentando mais complicadas, que ainda não encontram quadras em Barcelona onde possam praticar seu esporte.

Essas equipes que sofrem danos colaterais com o sucesso da Kings League terão que esperar até 26 de março, data em que termina a competição, para recuperar a normalidade, embora no ambiente haja uma suspeita subjacente de que Piqué não desocupará a Cupra Arena (voltaria a se chamar ZAL) porque teria em mente uma Liga feminina com as mesmas características: a Queens League. Isso pode começar em maio. Além disso, já começaram os preparativos para uma segunda edição da Liga dos Reis, na qual foram feitos trabalhos para ampliar o projeto e permitir a entrada do público no pavilhão.

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